em busca de mim

Monday, February 26, 2007

como não se sabe tomar decisões, vai-se estudar isso mesmo: teoria da decisão!

Wednesday, February 21, 2007

foi um livro que nunca chegou a ser escrito... devia ter pouco mais de 12 anos e nos jantares de 3ª feira mostrava sempre que o meu avô comparecia, alguns dedos de prosa, algumas histórias simples... lembro-me de poucas. recordo-me de uma paixão de um lápis por uma lapiseira... e como todas as histórias tinham um final feliz, acabaram juntos a viver num estojo de lata de dois andares... o meu avô era crítico, mas às vezes um pequeno riso que lhe soltasse valia as histórias de um ano...

o livro nunca o acabei... incentivava-me a que escrevesse as memórias de uma gata chamada Tareca, porque tinha no meu quotidiano e se fosse, segundo ele, um bom observador, material suficiente para um livro...

Hoje, a Tareca morreu.
Hoje, esvaziamos a prateleira que abríamos para lhe dar de comer.
Hoje, juntamos o espólio dela todo no hall e livramo-nos de toda e qualquer lembrança.
Hoje, prometo esvaziar-me de tudo o resto...

Não quero ter mais animais...

Thursday, February 15, 2007

...a viagem ainda ia a meio, abrandávamos agora já perto de Coimbra-B rumo ao Porto... estas paragens enervavam-me, e continuava a procurar de livro em punho, palavras que me satisfizessem... e o autor teimava em não acertar nas frases, nem nos modos... já tinha tentado tudo: ler o último capítulo; ler apenas o início de cada um... o final de cada um... teimava em não se fazer interessante... e por fim, rendi-me exausto à procura de algum significado na mancha cromática de letra arial e página reciclada... a voz sempre irritante do alfa-pendular anunciou a paragem. Em sinal de alguma cidadania, recolhi as pernas que alarvemente estendia género simplesmente apoiado no banco da frente... Já habituado às velhas tagarelas frequentes nos comboios descendentes da minha meninice, simulei na minha mente o desconforto de conversas desinteressantes... Timidamente, reservava agora no meu espírito o direito de recuperar a minha posição de viagem anterior. Foi por questão de segundos, quando já alçava uma das pernas, que um rapaz de mochila às costas e saco cama preso à mão hesitava agora junto aos 3 lugares livres à minha volta, vindo detrás do meu assento...
ah... desculpa, eu procuro outro lugar...
não, não... deixa estar...
obrigado...
sentou-se na minha diagonal, depois de ter acomodado a mochila em cima das nossas cabeças...
podes estender as pernas... não te preocupes.

(...)

Wednesday, February 14, 2007

é porventura dos estilos mais arrepiantes de escrita e de imagem que conheço... como se invertesse papéis entre leitor e narrador, o autor deixa que o leitor construa um passado de memórias e um futuro de intenções para vir páginas à frente confirmar tudo isso entre linhas de desassossego... e porque é das palavras com mais "ésses" que conheço porque é ziguezagueando que a nossa história pessoal se constrói... porque é da dúvida que a certeza nela ou noutra coisa qualquer se espanta... Pessoa não é um homem fácil, não é um ser simples, não é um algo linear... mas estranhe-se aquele que ache que outro seu semelhante não estará à altura do mestre... e o mais engraçado é que sinto que me é oferecida a face que não me encanta, a luz que me entristece, a tonalidade que não acho pelo clarear da manhã... mas agora é noite, noite escura... e a simulação domina o ego em cada absurdo que digo ou escrevo.

Friday, February 09, 2007

às vezes o silêncio faz do outro, sábio em casa alheia. outras, apenas ignorante de frente a ilustre plateia. a ânsia do conhecimento torna-se dom em momentos distintos...
às vezes sonho que estes simples botões e a linha branca podiam juntar mantas e trapos dos fugitivos duma babel distante... às vezes tudo parece desconexo, contingente, circunstancial, aleatório. outras, a universalidade emerge e a nossa pequenez conforta o sagrado da civilização...