em busca de mim

Sunday, December 26, 2004

Não me acho em lugar algum... Não me encontro por onde passo... Não me distingo, não me conheço...
Acho difícil alguém me conhecer se nem eu próprio o consigo... Esvazio-me do que sei que sinto, e volto a sentir tudo o que não sei.
Um enorme nada que invade a minha mente e recua o lento conhecer de mim próprio. Voltei a um doce vazio, a um querer nada saber e a um duro nada querer.
Espantoso! É no exacto instante que nada quero e nada sei, que nada mais do que tudo procuro saber... Precoce e inglória esta doce vida!

Wednesday, December 22, 2004

Partilha-se o silêncio e faz-se bem uso dele... Escutamos lá do longe... é precioso... o silêncio é um direito nosso... como as palavras...
Mergulho nele e acho-as, fujo dele e perco-me... será por silêncios? Deixei de falar por silêncios! Prefiro as palavras! Elas calam a fome de ser...

Friday, December 17, 2004

Por palavras... somente por elas, me atrevo a perceber de que somos feitos... de pó! apenas dele... vazio, inerte, corrente.
Foi no momento que percebi que era escutado, que deixei de pensar e passei a ouvir-me apenas... hoje, grito espalhando o pó acumulado em mim.

Friday, December 10, 2004

Há algo em mim de estranho... uma nova forma de olhar o mundo como se o visse pela primeira vez, como se o sentisse pela primeira vez. Hoje nada se repete... faço tudo pela primeira vez e sinto-me sem saber quem sou... adio o confronto de mim com o que sinto para mais tarde, hoje quero ser apenas o que sinto...

Wednesday, December 08, 2004

Escrever tornou-se raro... passo horas a repensar movimentos, vivências, intenções... Quando me sento de papel e lápis, rabisco o resto de todo este processo... Sai um nada que se equivale a mim... mas um nada que não satisfaz o nada que sou... E reaparece um eterno ser: "Não posso querer ser nada!". Revolto-me e alguém de mim volta... Álvaro de Campos porque não?

Saturday, December 04, 2004

Há tristeza no ar... sinto-a... há reflexos de mim na chuva que cai...
Há algo de mim em tudo isto que vejo, algo que não distingo, algo que possivelmente não conheço... lágrimas? Não... é apenas chuva mais nada... uma chuva que cai dos meus olhos sem destino aparente e razão consciente.

Friday, December 03, 2004

Enquanto me reformulo, neste processo canibal que é repensar o que sou... abandono a mente e faço-me animal dos meus medos... Reforço os meus instintos e retraio o que o pensar influi no agir... De novo, animal na vida... sou selvagem em mim, e só assim sinto que me pertenço...

Reconheci-me no sorriso franco de alguém... observo e deixo de comentar aquilo que me parece já dito... mostro-me opinativo sobre tudo e com teorias e formas de pensar diferentes dos comuns... hoje sou vazio, quero ser vazio... mostrar nada. Sem uma ideia, sem uma opinião... esforço-me pelo vazio... esta tentativa de nada mostrar... o silêncio será o melhor remédio...