em busca de mim

Friday, February 15, 2008

há coisa de 5 anos escrevi um pequeno poema cujas sílabas merecem hoje ser reproduzidas...

Amar o mar

A amizade afoga o amor.
Ela é água que une e separa continentes...
É sentimento que intimida e esconde
Grãos de areia de sofrimento.

Amar é optar.
É não poder ser água...
É ser rocha enquanto a erosão não vem...

Mas nada é eterno... as águas também mudam.
São levadas pelo vento que rege o tempo,
E no compasso da onda,
Os amigos vão e voltam...

Querer ser pássaro para ser ar,
Querer amar sem que os amigos fossem...
Ousar voar e poder voltar
Sem que a onda levasse os pequenos grãos de areia!

Mas afinal, quem vence? Quem ganha?
Quem permanece na mente?
Amar sem ter amigos é estar doente.

Ter amigos e não poder amar
É impor limites ao mar!

Ah, quem me dera ser água e terra ao mesmo tempo,
Ter amigos e amar sem do tempo precisar.


(o dia dos namorados deprime-me profundamente...)

Thursday, February 07, 2008

desceu a rua da bica em direcção ao restaurante. parou junto ao candeeiro que alumiava o trilho metálico do eléctrico e reparou o amarelado das pétalas com a mão esquerda, enquanto com a direita o segurava junto ao caule... repensava as palavras, o propósito dali estar, mas deixou-se ir... recusou que o leve pensar pudesse interferir na expressão mais pura do seu agir... cruzou o olhar, e de sorriso fraterno chamou-o cá para fora... agarrou-lhe as mãos frias, e entre as suas passou-lhe um girassol de tal foma que as pétalas pincelassem-lhe os lábios macios...

com o olhar brilhante mirava-o comovido... passou-lhe uma mão pelos caracóis junto à orelha e sorriu... segredou-lhe: tenho de ir... já fiz muito por hoje... um novo abraço preencheu o silêncio e dois dedos percorreram-lhe a face até ao canto da boca...

eu sei: os afectos não murcham à velocidade das flores...