em busca de mim

Sunday, January 29, 2006

em poucas palavras revelou uma perspicácia feroz... descendo a calçada de braço dado segredei-lhe que me tornaria um leitor atento...

pareceu-me ouvir uma voz: "a dor está na nossa mão..." retive-a assim que fechei o livro...

as peças dum puzzle, até aí desconhecido, montavam-se sozinhas como mostrando sinais de um caminho... conselhos enrolados... (daqueles dos chapéus de sol das taças de gelado).

...às vezes ouvir opiniões de quem nos vê pela primeira vez custa...
...outras... simplesmente ficamos sem saber por que razão os faz opinar sobre o que somos, o que fazemos ou para o que estamos... soluços de caipirinhas amargas?

Friday, January 13, 2006

deixou-se ficar pela sombra... viciou-se na escuridão dos pensamentos... e tapou ouvidos aos recados e conselhos que fustigavam a mente... de gabardine comprida, olhos rentes ao chão e uma boina encharcada pela chuva, caminhava pela ruela, fugindo a passo largo do candeeiro de esquina... era assim que propunha vencer a luz que lhe roubava a esperança, uma luz eterna, silenciosa e confidente... uma luz soturna, melancólica e pesada... a mesma duma lua dividida entre o que é seu e das estrelas.

Sunday, January 08, 2006

ia esgotando as palavras... a pouco e pouco esgotava o que via nos filmes, o que para ele era romântico, o que gostava que lhe dissessem... mas que sempre havia acreditado não ser dito por falta de ocasião ou tempo...
desculpava o silêncio nos outros e admirava o sorriso amarelo com que o brindavam nessas noites... noites vãs de olhares desviados e vazios...
reservava nos seus pensamentos loucuras só dele, passos de mágica em bancos altos junto a um balcão vazio de fim de noite, ao som dum piano de teclas encravadas... parecia mel... e antes fosse da caipirinha... ele não bebia whisky... encravando a palhinha entre o gelo já meio derretido... perguntava-se a si mesmo porque razão insistia em recusar a sua conhecida facilidade do puro criticar tudo e todos, muleta hábil de uma adolescência adiada ou vencida...
esgotou o que as palavras tinham de belo, o que as palavras tinham de ingénuo e saudável... tornou-se feiticeiro do silêncio...

(nunca mais foi visto no mesmo bar...)

4 sílabas tem o trevo da liberdade?!