em busca de mim

Saturday, June 25, 2005

sempre... para sempre

há amor amigo
amor rebelde
amor antigo
amor de pele

há amor tão longe
amor distante
amor de olhos
amor de amante

há amor de inverno
amor de verão
amor que rouba
como um ladrão

há amor passageiro
amor não amado
amor que aparece
amor descartado

há amor despido
amor ausente
amor de corpo
e sangue bem quente

há amor adulto
amor pensado
amor sem insulto
mas nunca tocado

há amor secreto
de cheiro intenso
amor tão próximo
amor de incenso

há amor que mata
amor que mente
amor que nada mas nada
te faz contente me faz contente

há amor tão fraco
amor não assumido
amor de quarto
que faz sentido

há amor eterno
sem nunca talvez
amor tão certo
que acaba de vez

há amor de certezas
que não trará dor
amor que afinal
é amor sem amor

o amor é tudo isto
e nada disto
para tanta gente
é acabar um amor igual
e começar um amor diferente
sempre... para sempre

Letra: Miguel A. Majer
Música: Ricardo Santos e Gil do Carmo

Wednesday, June 22, 2005

não sei onde vou parar... não sei por onde me levam...
sei que quero partir... sei que preciso partir...

voas em migrações de longo curso... voas sem olhares para trás...
sabes que vou contigo... não te deixo onde quer que vás...

magoas-me no escuro com a mesma luz que me faz sorrir,
como se quisesses o que não procuras, como se achasses o que não tens...

iludo o jogo de palavras, porque são apenas isso... palavras.

Monday, June 06, 2005

a pouco e pouco, o silêncio foi ocupando aquela infância perdida... agora apenas eram imaginados os passos rápidos e seguidos ao longo do corredor da velha casa dos avós... sabíamos que o escritório estaria sempre no mesmo sítio, que a gaveta das folhas de sonhos, comboios, bonecos, casas e lápis de cor estaria sempre ali, do lado direito da mesa de cartas... lembrávamos jogos comuns, brincadeiras comuns...
e em tudo aquilo havia mais do que meras paredes e portas de arco romano, uma casa que a madeira apelidara de castanha... de esconderijos, de formas de jardim, numa varanda de amores perfeitos.
à noite, era só ali que os pés quentes colhiam conforto nuns lençóis frios abaixo dos cobertores, sempre mais do que dois... ou seria uma colcha amarela?
hoje, sentados noutra mesa, noutra casa, noutro almoço, os quatro primos reunem-se, sabem que a sopa mágica ficou gravada no seu coração, é um verde de espinafres que transforma o creme de cenoura, simples e fácil... mas que cada um mexia a gozo, usando uma mística só nossa...

Sunday, June 05, 2005

como uma marioneta, esperando que alguém puxe um fio seu...
aguarda... aguarda... e aguarda...
está bem ao canto do armário, rendida ao lento acumular de pó...

um dia terá novos fios, um novo arame, uma nova roupa, algo que a faça voltar a ser puxada pelos que abrem a porta do armário e tiram as camisolas de sempre das gavetas abaixo, e a t-shirt pendurada que a esconde...
o seu olhar brilha por momentos, mas a porta fecha-se... vê-se uma luz por entre a nesga e momentos depois, fica de novo escuro... o escuro de sempre... é esse escuro que a faz pensar... que a faz sonhar...

é ela, a marioneta... estendida bem ao canto do armário, esse mesmo devorado pelo pó do teu coração.