o que nos move, o que nos toma por momentos de loucura, impulsos estranhos que comandam pensamentos e movimentos pertencem a um tempo partilhado e que deve ser lembrado no contexto e na memória para sempre...

que se lixem as palavras!
elas são apenas e só isso
as palavras nunca vencerão afectos

perdido no meio disto tudo... pergunto-me se é necessário confirmar por palavras aquilo que a vivência já está farta de saber... os silêncios aterrorizam-me e sempre que tento um passo em frente, perco o tapete mágico... não conheço os seus limites... não sei ao certo se não será melhor assim... nunca saber até onde posso ir pelo bater do coração.
o dia chegará... até lá, distraímo-nos juntos em conversas desiguais e desatentas...

recupero fôlego em páginas de vergonha alheia, manuscritos de vidas que vencem à força no papel... ele escreve, escreve mas de pouco sabe... de pouco quer saber. Como um convencido da vida, que sonha e nunca viveu, recusa frases que não conhece e estilos que não são dele... Silêncios vagos, arrogância no olhar e agressividade no trato, como se nos outros não houvesse mais do que falsidade, ódio e muita nitroglicerina...
és feito de dinamite... e sei que funciono de rastilho quando há sentimentos que não domino e que descansam na almofada quando me deito...

ele sou eu, eu sou quem não acho... seja forma, palpite ou convicção...

por vezes, quando já não trazemos o coração bem junto ao peito e o sustentamos nas mãos, faz sentido voltar a percorrer o rio que descemos, voltar a procurar traços nossos no caminho que trilhamos...
é da confusão que o equilíbrio renasce.
é do medo que conquistamos a segurança e sabemos mais de nós.

gosto de ti e mais do que isso gosto do que hoje partilhaste em mãos...

de naifa ouviu-se perigo de explosão:

"O terrorista apaixonado
carregava, às escondidas,
uma bomba-relógio.
Era no peito. Era o coração."