em busca de mim

Wednesday, May 28, 2008

(Cara feiosa emigrante londrina,

Obrigado pela sua última carta... gosto quando a correspondência me chega sempre a tempo de fazer alguma coisa: esperemos, para bem da humanidade, que seja este o caso...

Comecemos como é lógico pelo princípio: Sócrates, Platão, Aristóteles...
Ora bem, o primeiro nada deixou escrito... por isso recuso-me a comentar o que outros escreveram sobre o pensamento dele! Platão escreve a República... ah e tal crise social e intelectual em Atenas - adoro o conceito de crise intelectual... lol - uma sociedade ditada pelo poder de uma minoria esclarecida... chama-se elitismo! mas é a primeira vez que encontramos a referencia de republica! idealismo platonico: como arma de concepção: a cidade ideal / a cidade real / a cidade possivel... Aristoteles! Organizamo-nos economicamente para a finalidade do ser humano: reprodução! básico... viva Darwin... e nega-se a concepção histórica da humanidade, e nasce o princípio da contradição como motor da mudança... a essência está má, se as coisas vão mal; mude-se a essência se queremos que as coisas caminhem bem...

Era Romana... domínio pela paz... viva o Cristianismo! o novo testamento e santo agostinho! e não me venham com o início do comunismo aqui! :P

vem a idade média: era negra... delicioso o papel da Igreja Católica...

Mercantilismo no início do Renascimento: Tomás Moro e Tommaso Campanella! Ah e o Erasmus! Pronto e começa o início do pensamento capitalista, não será?

... acabo esta carta outro dia!! tou farto que falem do Marx como se fosse o único!

vá vai estudar!

Saudações académicas!

o teu eterno inimigo,

Toni das panças grandes)

Tuesday, May 27, 2008

é o shortbus exactamente... parece caber lá tudo de alguma maneira... alguém dá voz ao som de violinos: we all bear the scars, we all feign a laugh, we all cry in the dark and get cut off before we start...

... and as your last breath begins you find your demon's best friend...
... and there's a past stained with tears,
could you talk to quiet my fears?
could you pull me aside, just to acknowledge that i've tried?...

espalhei o que sinto aos 4 ventos para que de alguma forma deixasse de me pertencer.
e quis o vento trazer de volta as minhas lágrimas...
espalhei o que sinto pelas 7 marés para que os oceanos o afundassem nos seus fundos.
e quis a maré trazê-lo de volta a meus pés...
espalhei o que sinto pelas 11 montanhas para que a sua lava fundisse este aperto de coração.
e quis a montanha trazer-mo de volta em pedaços ao meu peito...
espalhei o que sinto pelos 13 desertos para que soterrassem o desejo que me sufoca.
e quis o deserto trazê-lo de volta coberto de areia perfumada com o seu cheiro...

espalho e volta ao meu corpo sem tréguas...

Sunday, May 25, 2008

John Berger escreveu "For nomads, home is not an address, home is what they carry with them." Nunca sentir-se em casa fez tanto sentido como sentirmo-nos bem com nós próprios.

Contudo, não é preciso ser nómada para isso.
O fugir do material, daquilo que nos liga ao real, pode sem dúvida facilitar a auto-análise catártica, tão necessária à paz de espírito e elevação individual.
O sedentarismo não pode nem deve representar um entrave à busca interior.

(é pois evidente como viajar nos obriga a pensar...)

Sunday, May 18, 2008

como assim: porsons.blogspot? pormusica.blogspot? sinceramente, não me parecia bem... é da letra, das palavras que gosto :) mas pronto fica mais uma...

Peter, Bjorn & John - Objects of my affection

...e às seis e meia da manhã, o crachá reapareceu, destroçado no chão da pista de dança, o che versão mickey despedia-se do seu disfarce e ressoava na sua mente, entre as orelhas grandes, o ilustre sentimento dos mortais... qual revolução?! qual conversão?! era ali... entre soluços díspares de hinos estranhos... e voltou a ser pendurado nas calças a precisar de lavagem...

Tuesday, May 13, 2008

é capaz de ser dos maiores hinos para os meus tímpanos... e também para certas bombas relógio :P

"Something filled up
my heart with nothing,
someone told me not to cry.

But now that I’m older,
my heart’s colder,
and I can see that it’s a lie.

Children wake up,
hold your mistake up,
before they turn the summer into dust.

If the children don’t grow up,
our bodies get bigger but our hearts get torn up.
We’re just a million little gods causing rain storms turning every good thing to rust.

I guess we’ll just have to adjust.

With my lighning bolts a glowing
I can see where I am going to be
when the reaper he reaches and touches my hand.

With my lighning bolts a glowing
I can see where I am going
With my lighnin’ bolts a glowing
I can see where I am go-going

You better look out below!"


(i guess we'll just have to adjust... you better look out below)

Friday, May 09, 2008

(Cara feiosa emigrante londrina,

ia-me enganando e endereçava isto a oxford por hábito ou falta dele...

enfim, só para que um ponto lhe seja claro na minha vida ou falta dela, seja mudita, seja schadenfreude, a verdade é que sou um tipo feliz e isso vale por si :P

às vezes acho que a sorte ou falta dela é sempre uma questão de perspectiva e de auto-conhecimento...

é verdade que repito o 'falta de' pela 3ª vez mas não é nem por falta de sentir falta, nem por falta de não o sentir... é por estar em evolução de ideias e só disso...

cumprimentos,

p.s. Espero que as bibliotecas se mantenham abertas por muito tempo... )

Wednesday, May 07, 2008

i shall not detain myself in the intricacies of my own life. i'd rather becoming addict to yours...

make sure you're not mumbling or whispering, just shout them loud! :P

Tuesday, May 06, 2008

era um quarto pequeno com duas janelas pouco soalheiras, dividido por cortinas de plástico azul claro, pouco discretas a quem entra e procura uma velha senhora, cozinheira de pastéis de bacalhau e de moamba... divaga nestes espaços a saudade da adolescência e da minha idade... deambula pelos corredores do hospital o nervoso do desaparecimento físico... põe-se à espreita nas aberturas de elevador, no cruzar de olhos com enfermeiros, médicos e demais... e sentimo-nos frágeis, impotentes e nem o cheiro de desinfectante etilizado nos mosaicos sujos acalma o soluçar dos nossos actos... peguei na garrafa e enchi um copo junto à bancada de apoio... silenciei-me por não conhecer as palavras certas... são seis os doentes desta camarata permanente, e a sala enche-se do silêncio dos visitantes que se entrecruzam... ouvimos os lamentos... "eles não dizem nada..."

fixei-me noutro ponto, numa árvore testemunha daqueles que por aqui descansaram e talvez daqui partiram... ela parece confortar o meu olhar num abraço de ramos jogados ao vento... vôo com a mente que nem pássaro primaveril para uma sombra física que me aqueça as asas...

e descanso quando fecho os olhos e adormeço...