juntos à volta de um lago...
a mudança é uma palavra forte quando apenas nos procuramos e pensamos chegar a pontos diferentes, estados novos...
é enganador pensar que caminhando à volta de um lago chegaremos ao mesmo sítio, ao mesmo local de partida...
tal e qual como o rio nunca é o mesmo, e nunca deixa nem deixará de ser o rio da minha aldeia.
acho irreverente pensar que todos procuramos algo. acho ainda mais surpreendente pensar que alguns encontram o que procuram...
num processo que tem muito de mudança e de procura, escolhemos conversas, olhares, sorrisos... enfim, talvez uma mistura dos nossos medos, paixões, confissões e mágoas...
procuramos algo de novo nos outros... e olhamos para a multidão como se houvessem mais exemplares dos que sabemos conhecer, ou pensamos conhecer, e que tendemos a chamar de amigos, por vangloriação ou mera segurança emocional... é esta procura que me confunde neste momento e hoje tendo a participar num registo que não é de todo meu, ou pelo menos no qual não me revejo... como se todo o laço fosse de fio finito, como se todo o vaso fosse de capacidade esgotável e vivesse em constante transbordo... como se tudo isto definisse o que é a atenção que damos aos que nos rodeiam e o interesse diferenciado que temos no que faz parte duns e de outros... uma curiosidade selectiva que é tanto castradora como elitista... e nesse ponto actuamos sem nunca nos considerarmos como modelos, sem nunca nos imaginarmos como forma, corpo, e como se existissemos pelo mero olhar sobre o que vemos... como um ponto de fuga, excluído das nossas feições, pesos ou medidas...
funcionamos tal e qual à volta do lago e não consideramos que dificilmente veremos o nosso próprio reflexo, apenas o dos outros...
experimentem inclinar-se um pouco e sofram pela imagem que nada condiz com o que pensam querer ser...
mas a lua, essa brilha...
talvez porque Pessoa o queira,
talvez porque muito do lago é feito de lua, ou pelo menos do reflexo dela ;)...
1 Comments:
Se um homem anda à volta do lago sozinho e acaba por morrer lá, sem ninguém o ver; terá ele, de facto, morrido?
A solidão traz estas dúvidas...
By Anonymous, At 10:46 AM
Post a Comment
Subscribe to Post Comments [Atom]
<< Home