apetece-me escrever e não sei bem o quê...
apetece-me sussurar ao ouvido, procurar no escuro a verdade das palavras... e ouvir o que sou, ouvir o que penso... deixar que se espalhe o eco do que sinto...
esta noite, procuro em mim restos de ti...
não os acho, são apenas estados de alma... formas de sentir que brotam do sonho, longe do real e do possível...
2 Comments:
Se tu te cansas a procurar eu dou-te uma aproximação de quem já sei que sou.
A DEFESA DO POETA
Senhores jurados sou um poeta
um multipétalo uivo um defeito
e ando com uma camisa de vento
ao contrário do esqueleto
Sou um vestíbulo do impossível um lápis
de armazenado espanto e por fim
com a paciência dos versos
espero viver dentro de mim
Sou em código o azul de todos
(curtido couro de cicatrizes)
uma avaria cantante
na maquineta dos felizes
Senhores banqueiros sois a cidade
o vosso enfarte serei
não há cidade sem o parque
do sono que vos roubei
Senhores professores que pusestes
a prémio minha rara edição
de raptar-me em criança que salvo
do incêndio da vossa lição
Senhores tiranos que do baralho
de em pó volverdes sois os reis
sou um poeta jogo-me aos dados
ganho as paisagens que não vereis
Senhores heróis até aos dentes
puro exercício de ninguém
minha cobardia é esperar-vos
umas estrofes mais além
Senhores três quatro cinco e Sete
que medo vos pôs por ordem?
que pavor fechou o leque
da vossa diferença enquanto homem?
Senhores juízes que não molhais
a pena na tinta da natureza
não apedrejeis meu pássaro
sem que ele cante minha defesa
Sou uma impudência a mesa posta
de um verso onde o possa escrever
ó subalimentados do sonho!
a poesia é para comer.
NATÁLIA CORREIA
By Anonymous, At 12:38 AM
pois que a poesia que me mostras, seja alimento de sonho...
não conhecia... na verdade não leio Natália Correia, não é para mim uma referência...
concordo então que o poeta se defenda!
pois é desse modo que se descobre e quem sabe é descoberto...
By smiling ghost, At 2:20 AM
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