sentou-se numa das mesas desertas do café... pediu o costume e sorriu para o empregado quando este o pareceu reconhecer. acusou o desconforto de nada ter trazido para ler nem fazer. não se fazia acompanhar de cigarros, a muleta dos que esperam... talvez porque o tabaco os obrigasse a pensar, pensou... concentrava-se nos seus pensamentos, baixava o olhar rodeando as cadeiras da mesa da frente, mas rapidamente perdia-se na solidão dele próprio... era uma idade egoísta, fechada e ausente... que recusa definição e conteúdo mas exige dos seus pares interesse e comoção... resolveu esperar na mesa do café... visitou a casa de banho, molhou a cara, procurou-se no espelho... era um hábito seu, que tinha aprendido em pequeno de observar o avô: erguia a face esquerda, levava a mão direita ao pescoço e com a ponta do indicador certificava-se de um ou dois pêlos escondidos... a ansiedade abrandou quando o empregado lhe ofereceu a revista para se distrair... fartou-se ao terceiro minuto e desceu para a livraria em busca de algum pedaço de prosa que lhe cravasse alguma ira no espírito, de preferência dum escritor trágico e infeliz...
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