torna-se obscura a importância que gente mais nova do que nós tem na nossa vida... é tão estranho atravessar uma idade em que é difícil olhar para os menos graúdos e prometer-lhes atitude, consciência e bom senso...
como se do alto dos meus atrevidos 80 anos abalasse o mundo, junto-me em sonatas de esquecimento, velhice e quase desaparecimento. a tranquilidade absorve o medo, a calma surge de poucos nadas...
de que serve a mudança nestas paragens? quão egoísta é querer influenciar os que de olhos mansos soletram alegorias mágicas que mais do que vividas foram sonhadas?...
às vezes, pergunto-me se o grande peixe que resiste bem ao fundo de mim saberá contar estas mesmas histórias e terminá-las com o mesmo sorriso...
a pouco e pouco o vivido consome-nos mais do que o por viver, e a caravela carregará de leve as entranhas do que somos a cada sopro de vento.
de que servem estas palavras? para nada... e é possível que pouco delas resulte na cabeça dos que esperam. mas há um traço de egoísmo em tudo isto... por quem já nada tem a perder, as histórias mais do que contadas são ouvidas.
1 Comments:
O meu pai foi o meu primeiro explicador de matemática. a matemática é sempre a mesma e anda cá há muito tempo. Nos exercícios, ele nunca me dava as respostas nem dizia como resolver por muito que eu insistisse. irritava-me de sobremaneira. mas foi assim que aprendi, com ele a fazer-me perguntas como se fosse ele que não soubesse, como se fosse uma consciência com voz. nunca me deu uma resposta mas ajudou-me a descobrir o caminho. nunca me impôs a sua visão nem o seu método mas ajudou-me a criar o meu.
acho que ser mais velho é isso mesmo. é conseguir não estragar o valor da descoberta própria das coisas que tem um sabor tão particular.
By ASPHALTO, At 1:43 AM
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