em busca de mim

Monday, May 22, 2006

deixei-me ficar por breves instantes a observá-lo...
lembro de pensar que cheirava ao plástico dos barcos insufláveis da praia, daqueles que o pai puxa pelas ondas que lhe alcançam o joelho... E nisto ter 5 anos, é ser destemido... pergunto-me onde ficam estas provas de confronto do medo quando crescemos... não seria mais fácil saltar apenas de um avião?...
imagino-me de lágrimas a escorrerem pela cara, mão esquerda junto à face, e caminhando para junto das toalhas ansiando em gemidos descompassados o conforto da mãe... e não as acho... cadê a toalha castanha e a das riscas verdes e brancas?... não há guarda sol, não há toalhas, não há mãe... perdido...
então sinto uma mão forte pela cabeça... uma festa de consolo terna... um toque no ombro e à minha frente, por entre os dedos que me tapam os olhos, surge um pai da minha altura, inclinado, de ouvido bem aberto e voz doce... "então campeão?"

ainda hoje me questiono o que se terá passado entre isto e o final do corneto de chocolate, devorado, sentado com as pernas roliças estendidas pelo castanho escuro e de dedos croquetados pela areia suja da praia de setembro... terei voltado pelo meu próprio pé, de mão firme submersa numa outra forte? ou a magia do colo e do afecto envolveu-me e fez esquecer o susto de uma fraga mais avessa?...

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